segunda-feira, 30 de abril de 2007

Alex Van Halen


4 x zona = zona total!

É sempre essa a impressão que tenho ao ouvir as músicas do Van Halen. Até mesmo nas coisas mais sérias e dramáticas consigo imaginar os 4 (principalmente nos primeiros anos) enchendo a cara, brigando e/ou sacaneando uns aos outros no estúdio.

Mas é uma zona no bom sentido, que lembra um clima de juventude, de desprendimento, de inconseqüência. Tudo isso, acredito, juntamente com o talento fenomenal de seus integrantes, faz do VH um dos sons mais poderosos de todos os tempos.

É claro que a genialidade de Eddie Van Halen é a responsável direta por todo e qualquer crédito criativo do grupo (e por uma revolução na forma de tocar guitarra), mas eu não acredito que a banda existiria tão perfeitamente sem a batida de Alex Van Halen, seu irmão.

Alex e Eddie são dois holandeses (criados na Califórnia) quase da mesma idade. Por influência do pai, os dois sempre se interessaram pela música, mas AVH tocava violão e EVH, bateria. Com o tempo, acabaram trocando de instrumentos e tornaram-se parceiros musicais em diversas bandas. Daí para frente, a história é conhecida.

Mas o que teria de tão especial a bateria de AVH a ponto de definir o som de uma banda pela qual passaram estrelas como David Lee Roth e Sammy Hagar, além dos sócios-fundadores Michael Anthony e Eddie Van Halen?

Bom, eu diria que a principal qualidade de AVH é a sua consistência, tanto na batida quanto nas viradas. Ele toca o que a música pede, sempre, e não faz corpo mole. Nesse ponto ele se parece muito com John Bonham, uma de suas principais influências. Aliás, o som de caixa mais próximo de JB que já ouvi foi o de AVH.

O vigor com que AVH toca não deixa a música cair nunca. Uma coisa interessante é que ele, muitas vezes, toca o bumbo em todos os tempos do compasso. Quando o VH surgiu, o único lugar em que se ouvia isso era nas pistas de discoteca. Mas AVH fazia de uma forma que a música ganhava balanço sem perder a força.

Outra curiosidade é a sua predileção (em vários pontos de sua carreira) pelos rontotons, ao invés dos tradicionais tons (mais do que presentes nas bandas de hard rock). Isso criava uma combinação interessante com o peso do baixo e da guitarra. Era suave, porém mantinha a pegada agressiva.

Para mais qualidades, vamos ao podcast do dia:

SINNER'S SWING! (Fair Warning, 1981)
essa é de um disco meio obscuro do VH. a batida da estrofe é sensacional. AVH consegue imprimir o swing de um jazz tradicional em uma batida pesadíssima. acho bem legal a forma como ele cola nos riffs de baixo e bateria.

PANAMA (1984, 1984)
clássico dos clássicos. nunca fui a nenhum show deles, mas acredito que essa música deve balançar o esqueleto de qualquer um. é um belo exemplo de como AVH usa o bumbo nos quatro tempos da batida. a dinâmica no meio da música também é muito legal. e que som do bumbo...

WHERE HAVE ALL THE GOOD TIMES GONE? (Diver Down, 1982)
cover dos Kinks num disco cheio de covers. escolhi essa porque é puro Van Halen: baixo e bateria colados, batida bem reta, ximbau meio fechado/meio aberto, condução no prato de ataque. além disso, gosto muito do andamento dessa versão. na minha opinião, eles acertaram (em termos de batida) mais aqui do que na versão de “You Really Got Me”.

OUTTA LOVE AGAIN (Van Halen II, 1979)
gosto muito da batida quebrada que ele faz, principalmente no solo de guitarra. aqui ele ainda usa os tons tradicionais. e como usa... e David Lee Roth mostra porque é considerado um dos maiores cantores de rock de todos os tempos.

SUNDAY AFTERNOON IN THE PARK (Fair Warning, 1981)
essa é pelo efeito. além disso, a bateria é muito bem tocada e a música muito maneira.

WHY CAN'T THIS BE LOVE (5150, 1986)
muitos fãs do VH consideram a fase Sammy Hagar fraca. independente do cantor (era também um ótimo guitarrista, além de manter um visual horroroso), acho que eles produziram coisa bem legais nesses anos. e esse disco é um bom exemplo. escolhi essa música pela pressão do andamento e pelo som de bumbo. AVH foi um dos poucos que soube usar a bateria eletrônica sem perder a qualidade e a pegada do som. preste bem atenção na colocação do bumbo – ele entra e sai da música nos lugares certos para aumentar o balanço da batida.

LOSS OF CONTROL (Women And Children First, 1980)
pura energia da 1ª formação do VH. gosto muito do jeito que AVH toca o refrão (cantado baixinho, com voz fina).

MEAN STREET (Fair Warning, 1981)
um exemplo do swing de AVH e Michael Anthony. hoje, eu não acho que alguém tocaria dessa forma, com as duas mãos tocando todas as notas do ximbau. ele sabe muito bem que a música não teria a metade da força se não fosse assim. tanto que depois do solo, ele muda a batida e toca o ximbau apenas com a mão direita, deixando a pegada mais mansa.

HOT FOR TEACHER (1984, 1984)
é um terremoto. não sei tocar com dois bumbos, mas, se soubesse, queria tocar desse jeito. a condução também é impecável. isso é o máximo de zona que uma banda pode promover em termos de música e letra. mega hit de um disco que tornou o VH conhecido e adorado mundialmente.



abs

Txotxa

terça-feira, 24 de abril de 2007

Butch Trucks & Jaimoe Johanson


Quando pensamos em duas baterias, uma coisa vem à cabeça: barulho em dobro!!
E mesmo com todos os grandes exemplos de double drums existentes no rock e no jazz (Frank Zappa, John Coltrane, George Harrison, Steely Dan, Genesis, Ornete Colleman), poucas bandas mantiveram, em sua formação, dois bateristas tocando ao mesmo tempo todas as músicas.

Um dos motivos para isso é a dificuldade de criar partes consistentes para cada um dos bateristas e, ainda, encontrar músicos com toque e sensibilidade suficientes para não encobrir o som dos outros instrumentos com os pratos e tambores em dobro. Se uma bateria já incomoda muita gente...

Mas mesmo com essas (e outras) dificuldades, o grupo norte-americano The Allman Brothers Band conseguiu, ao longo de quase 40 anos de existência (estão juntos até hj), manter a sua seção rítmica funcionando a todo vapor com dois excelentes bateristas: Butch Trucks (de pé, na foto) e Jaimoe Johanson.

Desde as primeiras jams que deram origem aos AB, a parceria entre BT e JJ mostrou-se tão espontânea quanto eficaz. Em poucos momentos do rock dois músicos se completaram de tal forma. Ouvindo os discos dos AB, fica claro que essa simbiose (vamos chamar assim) é pra lá de musical. Veja só: um completava a virada do outro; tocavam, naturalmente, contra a batida do colega e mantinham as mesmas dinâmicas ao longo da música.

É claro que com ensaio tudo é possível. Até mesmo esse tipo de cooperação intrincada acaba funcionando depois de horas e horas de prática. Mas no caso do rock, e em especial o rock dos AB, a coisa não é tão simples assim, já que falamos de um dos grupos que, no começo dos anos 70, “jantava” todos os outros em matéria de improviso no estrado – algumas músicas chegavam a durar 30’. E mesmo nas versões ao vivo do grupo, essa química funcionava perfeitamente.
Não quero entrar aqui no campo do espiritual, mas a parceria entre JJ e BT se dava num outro plano...

Bom, vou deixar de conversa mole e listar as faixas escolhidas para este post.

CRAZY LOVE (Enlightened Rogues, 1979)
note com a batida de cada um está invertida. na introdução, nos versos e no solo, um toca o tempo dobrado, e o outro, pela metade. ouça bem o estéreo e repare esse balanço fenomenal. no final, note como um baterista completa os fills do outro.

TROUBLE NO MORE (The Allman Brothers Band, 1969)
eu considero essa batida muito difícil de ser tocada. ainda mais quando precisa estar travada com outro baterista. mas os dois fazem isso perfeitamente. nesse caso, as duas baterias estão praticamente tocando a mesma coisa – acho que a idéia era reforçar ainda mais o ritmo. repare bem nas viradas que antecedem o último verso (6’45” no podcast). por causa dessas viradas, aliás, a versão ao vivo dessa música foi listada pela conceituada revista "Modern Drummer" como um dos melhores momentos de double drums da história.

ONE WAY OUT [Live] (Eat A Peach, 1972)
clássicos do AB. uma bateria marca bem a batida e a outra vai acentuando as nuances, e as duas dão a impressão de que uma locomotiva empurra a música. o engraçado é que na volta do pequeno solo de bateria, a banda (eu acho que o baixo se perde na batida contrária de uma das baterias) volta no outro tempo, e o 1 muda de lugar. faça o teste: venha batendo palmas junto com a caixa (ou nos tempos 2 e 4) a partir de 9’45” no podcast.

HOOCHIE COOCHIE MAN (Idlewild South, 1970)
essa versão é impossível de ser tocada por qualquer outras banda no planeta. as chamadas das baterias antes das estrofes são espantosas. o arranjo das duas é fenomenal, assim como a música. esse é um ótimo exemplo de como se criar partes consistentes para cada um dos bateristas. não vou nem falar das frases das guitarras...

HOT 'LANTA [Live] (At Fillmore East, 1971)
aqui, os AB mostram um pouco de suas influências jazzísticas. o jazz, aliás, era uma das praias de JJ. nessa faixa instrumental, da para perceber a soberba técnica dos dois, com rufos muito bem colocados e com a dinâmica funcionando perfeitamente entre os solos. detalhe para o sofisticadíssimo solo dos dois. essa é boa de ouvir no fone.

DON'T WANT YOU NO MORE [Live] (Wipe The Windows, Check The Oil, Dollar Gas, 1976)
música do 1º disco, numa versão ao vivo de 1973 (eu acho). a sua batida funky deixaria os dois bateristas de James Brown com uma certa inveja. aliás, cabe aqui um parênteses: não listei os bateristas de JB como exemplo de double drums pq a idéia dele era diferente. como JB sempre foi rigoroso com o andamento de suas músicas, mantinha os bateristas (chegou a ter 3) num sistema de revezamento: “fulano toca os versos e cicrano, o refrão”. assim, segundo sua lógica, o ritmo não iria nunca cair, já que nenhum baterista se cansaria.
bem, de qualquer forma, vou falar disso nas próximas postagens...

JESSICA (Brothers and Sisters, 1973)
essa é uma das músicas mais conhecidas do grupo. sinceramente, não me lembro de uma situação onde a equação composição/arranjo/execução/gravação/mixagem tenha sido tão perfeitamente resolvida. de novo, uma bateria cuida da batida e outra vai seguindo os acentos das inúmeras partes. de vez em quando, dá para ouvir uma caixa meio perdida, mas pela intensidade que deve ter tido essa sessão, eles (sabiamente) não mexeram em nada das baterias. 

Sons: https://open.spotify.com/playlist/12KdWz8wEIl9C3Wk4qTi56?si=f8b805e1785c43ef

Valeu.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Ginger Baker


Eu considero o Cream um dos Top 5 power trios da história, mesmo quando comparados a “assassinos” como The Police, Rush, Jimi Hendrix Experience, Band of Gypsies, Nirvana, The Jam, Hüsker Dü etc. Não podia ser diferente, tratando-se de uma banda que conta com Eric Clapton (no auge de sua forma), o virtuosíssimo Jack Bruce e o mago (detesto essa palavra, mas não achei outra) Ginger Baker.

De certa forma, o que eles produziram no curtíssimo espaço de tempo que estiveram juntos, principalmente ao vivo, é uma coisa que ainda não foi superada. Que banda poderia improvisar, AO MESMO TEMPO, durante 20’, sem deixar a música desandar, sem perder a pegada do estilo e sem descambar para o virtuosismo chato e egoísta? Poucas, não?

Pq, normalmente, vc tem os caras que até vão bem longe no improviso, mas que só funcionam se tiverem uma estrutura minimamente sólida por baixo. No caso do Cream, essa estrutura era o próprio improviso. E esse caminho surgiu naturalmente. Não foi nada estudado. Quer dizer, algumas substâncias ilícitas ajudaram bastante, mas o potencial musical dos 3 era algo puro e espantoso. Uma pena que isso não tenha sido o suficiente para mantê-los juntos por mais tempo.

Bem, voltando ao improviso em conjunto, isso é, no caso do baterista, muito complicado, já que uma alteração na batida ou uma virada muuuuuito exagerada pode desandar a música, derrubando o(s) solista(s). Mas Ginger Baker conseguiu, de uma forma belíssima, manter o ritmo e ainda interagir com seus colegas “fominhas”.

Jazzista de formação e rockeiro de espírito, Ginger Baker é daqueles bateristas que, quando o vemos tocar, temos a certeza de que ele não vai chegar a tempo nas viradas. Mas ele sempre chega. E ainda é super rápido e preciso. Além disso, usa dois bumbos de uma forma 100% musical, bem afinados e afiados (quando necessário).

A sua bateria tem um som bem aberto, de jazz, e os pratos quase nunca são batidos com força. Ele é um exemplo do músico que faz o instrumento soar por ele, sabe? Para que descer a marreta se a pele pode vibrar e fazer todo o serviço?

Confesso que custei muito para entender as suas qualidades como músico. Não entendia nada ao ver aquela figura com cara de caveira, sofrendo a cada batida, com os braços duros e retos, tocando com dois fenômenos do rock. Pensava que GB era apenas o cara sortudo e menos talentoso do grupo. Só isso. Mas foi só eu me arriscar a tocar as suas baterias (tocar mesmo, de verdade), que eu comecei a entender pq ele sempre foi um dos grandes (até o próprio A. Ertegun, da Atlantic Records, acostumado a lidar com a nata dos bateristas norte-americanos de jazz e rock, só tinha elogios para GB).

Entonces, o podcast de hoje vai tentar mostrar as inúmeras qualidades da bateria de Ginger Baker.

É bom lembrar que deixei de fora o clássico “Toad”, música para o solo de GB. Queria mostrar como funciona a sua bateria dentro do ambiente de uma banda, ok?

Vamos ao playlist:

I FEEL FREE (Fresh Cream, 1966)
é impressionante a cadência dessa batida. GB acentua o ximbau e carrega uma música muito difícil (meio shuffle/ meio rock) nas costas. o estéreo é uma boa oportunidade para ver como cantavam bem Eric Clapton e Jack Bruce.

BORN UNDER A BAD SIGN (Wheels Of Fire, 1968)
a batida de GB é incrivelmente diferente de todas as versões já feitas para essa música. como diriam os críticos de música: “uma batida sincopada e cheia de swing”. concordo.

WELL...ALL RIGHT (Blind Faith, 1969)
essa versão do Blind Faith deu uma remexida no original de Buddy Holly. esse grupo tinha tanta coisa para dar certo, que acabou sendo o maior fracasso de todos. a levada com o cowbell na hora da estrofe dá um clima bem ritmado para a música. gosto também do timbre da bateria, um pouco mais aberto que o das gravações do Cream.

OUTSIDE WOMAN BLUES (Disraeli Gears, 1967)
blues muitíssimo bem tocado. repare como o baixo e a bateria não param um só instante. gosto do fato de GB usar pouco os pratos na levada. apenas um cara com a suavidade dele pode tocar uma música dessa forma, variando a batida o tempo inteiro, tocando em todos os tambores (fazendo de uma forma que isso se torna a uma única célula), mas sem atrapalhar a voz.

I'M SO GLAD [Live] (Those Were The Days, 1968)
essa é para mostrar o quanto a banda era impressionante ao vivo. é um bom exemplo de como eles solam ao mesmo tempo, mas não perdem nunca o norte. aumente o som e boa audição...

WHITE ROOM (Wheels Of Fire, 1968)
40 anos depois, Eric Clapton ainda toca essa música em seus shows. E mesmo com todos os grandes bateristas que tocaram com ele, ninguém chegou perto desse feeeling. de novo, o estéreo dá um nó na cabeça: veja como o bumbo parece quase separado no canal esquerdo – é como se fosse uma peça independente, tocada por outra pessoa. essa, aliás, é uma característica de GB: consegue tocar uma peça de cada vez, na sua hora, sem açodamento, e trata cada uma de uma forma diferente.

POLITICIAN (Wheels Of Fire, 1968)
me amarro nesse vai-e-vem da batida. o tempo forte está sempre mudando de lugar (e quando não está, dá essa impressão). além disso, o prato tem uma condução bem atípica para o estilo. acho que ninguém nunca tocou um blues dessa forma. muito bom os dois solos de guitarra juntos.

SWLABR (Disraeli Gears, 1967)
de novo, a altura das peças em perfeita harmonia com a bateria e com os outros instrumentos. e não falo da mixagem, mas sim da execução. música que começa com força total, e a bateria não deixa a desejar.

SUNSHINE OF YOUR LOVE (Disraeli Gears, 1967)
clássico dos clássicos. GB carrega a música nos toms, o que aumenta ainda mais o peso e a pressão. gosto muito da forma como ele deixa a música respirar entre as partes do refrão. é uma aula de como entrar e sair da música sem prejudicar o contexto e nem deixar a peteca cair.

Sons em https://open.spotify.com/playlist/7mr8vlAPhb9ULW5OxLQLsR?si=d25023b173ca4305

Ah, continuando as comparações, o animal (ou animago, como diria Harry Potter) de GB é a girafa.


abs
Txotxa

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Stewart Copeland

Primeiramente, queria me desculpar pela demora na postagem. Estou apanhando um pouco dos posts. Espero resolver isso até o final da semana.

Acredito que toda a geração dos anos 80 tenha sido fortemente influenciada por S. Copeland. E essa influência, na minha opinião, se refletiu muito pouco no aspecto musical.

Exemplo: quando alguém quer listar as influências de um baterista como João Barone (grande músico dos Paralamas), o primeiro nome que vem à cabeça é o de SC, correto? E essa associação não se dá por causa do som de JB, mas, sim, pela forma como ele posicionava (hj, nem tanto) os seus tambores, pelo uso de octabans, pela forma com que segurava (hj, nem tanto) a baqueta ou pelo fato dos PDS declararem abertamente o seu amor ao The Police.

Pq se formos analisar os aspectos rítmicos de Barone, vamos encontrar muito mais influência de Bonham (que ele já citou como um de seus ídolos, assim como Ringo Starr), do que de Copeland. Anote aí: batida carregada, com swing, tocando do meio para trás do andamento e agressividade contida. Ou seja, características opostas às de SC.

E essa conta serve também para outros bateristas que beberam nessa fonte, como Charles Gavin (Titãs), Taylor Hawkins (Foo Fighters), Adrian Young (No Doubt), entre outros. Quer dizer, são caras que, apesar de declararem a sua paixão por SC, não mantêm muitas das características essenciais (a meu ver) de sua música.
E isso não é, quero deixar claro, demérito algum para esses grandes bateristas. É apenas uma constatação de que a verdadeira arte de SC permanece ainda pouco estudada.

Considero S. Copeland quase como um extraterrestre em termos baterísticos. Ele surgiu na época do punk, onde, com exceção de Rats Scabies, baterista do Damned (*), ninguém tocava, de uma só vez, com força, rapidez e pressão. Só que no caso de RS, dá para ouvir a forte influência de Keith Moon (numa versão muuuuito mais vitaminada).
(*) valeu, André X.

Já o Copeland é um troço esquisitíssimo. É como se fosse um meteoro, sabe? Vc pode até medir a radiação da pedra, descobrir alguns componentes parecidos com os terrestres, mas, no geral, ninguém tem a menor idéia de como classificar ou reproduzir a sua estrutura.

E, para mim, é assim até hoje. Ninguém chegou perto. Nem mesmo ele, que, com essa volta do Police, não encara o Copeland de 20 anos atrás.

Bom, então quais seriam essas características tão diferentes e especiais assim?
Vou listá-las ao longo da seleção abaixo.
Vejam se as minhas idéias fazem algum sentido para vc...

NO TIME THIS TIME (Reggata de Blanc, 1979)
já começa com o pé na porta. note como a batida está sempre à frente do centro do compasso. ele empurra a banda o tempo inteiro, quase ao limite de correr com o andamento (no começo da carreira, ele adiantava e tomava esporro dos outros dois). outra marca de SC: os acentos na condução e o ximbau tocando todas as notas junto com o bumbo. quem é que consegue fazer isso numa velocidade dessas? e o detalhe: são duas baterias tocando ao mesmo tempo.

AWAY FROM HOME (Klark Kent: Kollected Works, 1980)
esse é o seu projeto solo dos anos 80, onde ele toca TUDO e canta. curiosamente, essa é uma das poucas vezes em que ele toca com certo swing. no geral as suas batidas são retas e vão direto na cara do freguês. outro detalhe nessa música é a clareza e precisão com que ele toca o ximbau. ximbau, aliás, que já foi elogiado por John Bonham. segundo Jason Bonham (filho), seu pai o levou para um dos shows do Police e pediu que prestasse atenção na forma que SC tocava a peça.

DRIVEN TO TEARS (Zenyatta Mondatta, 1980)
clássico do Police. para provar a sua falta de swing, ouça a versão do Sting, com Omar Hakim na bateria. SC toca reto, sem detalhes ou entonações. a sua dinâmica é sempre “do meio-dia para tarde”, e nunca vai do forte para o fraco. uma vez que a música começa, não tem arrego. outra marca: o rimshot tocado com toda a baqueta, sem descansar a mão na pela de caixa (como sempre fizeram os bateristas de reggae), o que deixa o som muito mais definido e potente.

TRUTH HITS EVERYBODY [Live] (Message in a Box: The Complete Recordings)
ouça o bumbo e os acentos do ximbau! aliás, essa é uma coisa interessante sobre a sua bateria: ele usava um ximbau de 13”, ao invés da tradicionais 14”, que dava chance para acentuar o ximbau à vontade sem atrapalhar o resto da batida.

HOLE IN MY LIFE (Outlandos d'Amour, 1978)
adoro essa música. é um dos pouco momentos onde ele entra na música de igual para igual, sem empurrar ninguém (pelo menos até o final :-). gosto muito do momento do bridge, quando ele vai para os pratos, acentuando nos lugares mais surpreendentes. as viradas no final também são fodas.

LOW LIFE (Single, 1981)
ótima música que foi ressuscitada por Sting no início de sua carreira solo. veja como a bateria vai misturando o clima de blues com a pegada do reggae ao longo da música (principalmente no final, depois do solo de sax, exatamente em 19’59” desse podcast). isso é coisa de quem tem a estrutura da batida totalmente sobre controle.

THE BED'S TOO BIG WITHOUT YOU (Reggata de Blanc, 1979)
que batida, que música! na minha opinião, é um standard do reggae. outra característica de SC: o uso inteligentíssimo dos splashs. note em 22’58” que o bumbo entre fora do tempo. isso é até um alento para o resto da população: SC erra e ainda deixa gravado.

MURDER BY NUMBERS (Synchronicity, 1983)
essa é uma aula de matemática. a batida começa no ¾ clássico. quando Sting entra, dá um certo nó. qual o tempo da voz? com os outros instrumentos, fica fácil. eu acho essa introdução muito bem sacada. é um outro exemplo de como ele dominava completamente a divisão do ritmo. o final é na mesma onda de “Low Life”. um exercício lega é contar a batida de blues em cima da primeira voz. muito doido... para mim, prova o quanto essa banda era especial.

MAN IN A SUITCASE (Zenyatta Mondatta, 1980)
clássico Copeland. tem de tudo: batida na frente, bumbo no contratempo, variações no ximbau, o som aberto e agudo dos toms, os splashs e a caixa mais seca e dura do planeta. excelente música, com uma linha de baixo tão foda quanto.

DARKNESS (Ghost In The Machine, 1981)
essa eu só prestei atenção por causa do Prata (meu amigo e colega dos anos de Maskavo Roots). tem que ouvir de fone para entender os efeitos do ximbau. além disso, a batida da bateria é tão discreta e precisa que parece programada. como é foi feita? com delay? não tenho a menor idéia... música futurística que deve ter sido composta pelo Sting de “Duna”.

NEXT TO YOU (Outlandos d'Amour, 1978)
1º música do 1º LP da banda. ao longo dos anos, ela foi triplicando de velocidade, mas o balanço (sem swing) continuou o mesmo. é muito legal a forma de usar os toms na batida, numa estrofe ainda, sem sobrecarregar a voz. essa música é um ótimo exemplo do que disse Sting no filme Bring On The Night: “No jazz, vc tem um tempo para esquentar durante a música; no rock vc tem que incendiar desde o primeiro compasso”.

Aproveito este post para iniciar uma série bem doente de analogias entre os bateristas desse blog e os animais selvagens.

Até o momento, são eles:

John Bonham – Urso Polar
Zigaboo Modeliste – Cavalo Alazão
Greg Errico – Puma
Charlie Watts – Bisão
Stewart Copeland – Leopardo

https://open.spotify.com/playlist/4Gbzr0btuZTvjoOFad3pjP?si=d488326a6a0740e4

abs
Txotxa

terça-feira, 17 de abril de 2007

Charlie Watts


Já li muita coisa sobre a aparente incompetência de Charlie Watts, lendário baterista dos Rolling Stones, com as baquetas. Eu mesmo já defendi que muitas gravações dos Stones eram frouxas e descansadas (no mau sentido). Ainda mais quando comparadas às dos Beatles. E essa “moleza”, em parte, seria culpa do baterista, não é verdade?

Mas daí, eu vejo caras como Stewart Copeland (The Police) e Mike Fleetwood (Fleetwood Mac) falarem muitíssimo bem de CW, elogiando a sua cadência e a forma como ele se coloca na música, e fico sem saber o que estou deixando passar nos discos dos RS.

Então, esse post vai tratar exatamente das qualidades pouco lembradas de Charlie Watts, um velhinho que toca na maior banda de rock de todos os tempos, mas que, como ele faz questão de deixar claro em todas as suas entrevistas, tem o interesse musical estacionado no jazz dos anos 30. Vai entender...

Ah, é importante lembrar que não vou tratar da sua carreira com seu grupo de jazz (que, aliás, já veio no Brasil) e nem das suas participações em discos de outros artistas. A seleção musical é toda de discos dos Rolling Stones.

Outro ponto: com exceção das sessões do disco Exile on Main St. (em que algumas músicas foram tocadas pelo produtor Jimmy Miller), vou considerar que o restante foi REALMENTE gravado por Charlie Watts. Portanto, se algum especialista em Rolling Stones tiver alguma informação diferente sobre as versões abaixo, por favor, me passe as coordenadas.

Vamos, então, às escolhidas:

CHERRY OH BABY (Black and Blue, 1976)
é um dos capítulos jamaicanos no livro dos Stones. essa versão da música de Eric Donaldson realmente não chega perto da original, mas tem o seu estilo. e esse estilo é exatamente a displicência com que é tocada. a batida de CW não tem a consistência dos bateristas de reggae, mas, mesmo com o bumbo mudando de lugar toda hora, com o rimshot funcionando de vez em quando e com a nítida sensação de que ele está dormindo ao longo da sessão, eu adoro essa versão. muito disso porque eles não quiseram falsificar o som. foram eles mesmos, o que, nesse caso, é uma virtude.

STREET FIGHTING MAN (Beggars Banquet, 1968)
a métrica da melodia engana a batida o tempo todo, mas a bateria de CW amarra bem os versos. gosto também da forma como o ximbau entre e sai na música. a gente ouve o chocalho o tempo todo, mas quando a mão direita de CW entra, faz toda a diferença (e dessa vez, tocando todas as notas do compasso).

EMOTIONAL RESCUE (Emotional Rescue, 1980)
4 on the floor. é assim que essa batida é conhecida (o bumbo toca os 4 tempos do compasso). o baixo de B. Wyman é o que faz a diferença, mas a bateria cumpre muito bem o seu papel. sem adiantar ou atrasar; sem muita força, mas com firmeza, CW cria um clima hipnótico que casa bem com a voz.

RIP THIS JOINT (Exile on Main St., 1972)
como disse nas observações, vou considerar essa gravação obra de CW (não vi nem e nem ouvi nada que provasse o contrário). realmente, a coisa se parece com ele. fico feliz com a energia da bateria, que começa com o pé no acelerador logo no primeiro segundo e vai até o final sem engasgar. música foda de um disco mais foda ainda.

SLAVE (Tattoo You, 1981)
CW dá todo o balanço. acho que o cowbell foi gravado depois (ou por outra pessoa), mas não diminui o swing dessa música. além disso, manter essa batida numa música que tem mais de 6 minutos não é para qualquer um. não é, mesmo. Ah, dei uma encurtada na versão original.

PAINT IT BLACK (Aftermath, 1966)
já ouvi várias versões dessa música. uma que é muito legal é a do Echo & The Bunnymen, com a excelente bateria do falecido Pete de Freitas. mas a forma tocada por CW é impossível de imitar – desde a altura das peças até a cadência da batida. e além disso, ele consegue sair de uma linha bem pesada (quando toca os toms) para o tradicional ximbau/caixa sem perder um centímetro de pegada (muito pelo contrário, até). particularmente, adoro a virada da volta para a estrofe (ali no meio da música).

LET ME GO (Emotional Rescue, 1980)
CW no seu melhor estilo. o guizo dá todo o diferencial. é uma das boas músicas desse disco e que fez muito sucesso ao vivo nos anos seguintes em que os Stones viajaram o mundo em turnês gigantescas.

AIN'T TOO PROUD TO BEG (It's Only Rock & Roll, 1974)
Benny Benjamin (lendário baterista das gravações da Motown) não teria vergonha dessa versão do clássico dos Temptations. a bateria funciona como uma luva. esse é um ótimo exemplo de como CW se enquadra bem no ritmo dos outros instrumentos. ele marca o ritmo, mas sem precisar ficar mostrando onde acaba e começa o compasso. ele coordena o tempo sem precisar “gritar” com os colegas.

HEAVEN (Tattoo You, 1981)
a combinação de vassourinha e baqueta desce macia nos ouvidos. lembra até a batida de bossa nova, mas o toque é muito mais cool. ótima música de um disco meio renegado.

O sons: https://open.spotify.com/playlist/7ETw32S5QPQZu5HiRILVr0?si=383d70a4f3084bca

Valeu
Txotxa

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Greg Errico


Não dá para escrever sobre Greg Errico sem falar antes do supergrupo Sly & The Family Stone. Formado no meio dos anos 60 em São Francisco, STFS ficou conhecido pela mistura explosiva do rock psicodélico californiano com o soul/ funk dos grandes centros urbanos. E numa época onde negros cantavam para negros e brancos para brancos, o grupo estendia os conceitos do flower power e pregava a união entre os dois lados. Nada mais apropriado, já que a família Stone incluía negros e brancos.

Pois bem, é nesse cenário que surge uma das seções rítmicas mais poderosas de todos os tempos, formada por G. Errico e pelo lendário baixista Larry Graham.

Diferente de tudo o que se tocava de funk na época, a bateria de GE era rápida, leve e tocava na frente do tempo (sem correr, é claro). Ele não tocava o tradicional pocket, atrasando um milionésimo o compasso para deixar o ritmo bem carregado. E essa sua batida, quando se encontrava com o baixo de LG (o "Rei do Ritmo", na minha opinião), criava uma onda hipnótica, onde o início e o fim do compasso dão lugar a uma contínua linha rítmica do mais puro funky (até mesmo quando tocavam rock).
Cada nota de GE era tocada com extrema precisão e firmeza. Como poucos, ele pensava, de uma só vez, cada peça da bateria separadamente. E, além disso, contribuía para as harmonias e melodias de seus "irmãos", com dinâmica e timbres únicos.

Sua fama de excelente baterista acabou ficando meio esquecida, já que fazia parte de um grupo de supergênios, como o líder desequilibrado Sly Stone e o já citado Larry Graham. Mas para os músicos da época, Greg Errico era tido em altíssima conta. Tanto que Joe Zawinul e Wayne Shorter, as cabeças por trás do Weather Report, tentaram de todas as formas comprar o seu passe nos anos 70.

Bom, vamos, então, às músicas escolhidas (todas são de STFS):


TRIP TO YOUR HEART (A Whole New Thing, 1967)
psicodelia com pegada funky e duas baterias de uma só vez. se é efeito ou não, não dá para saber, mas o bom gosto é de alto nível. muito bom também os pratos no refrão.

SING A SIMPLE SONG (Stand!, 1969)
clássico do grupo STFS. como a bateria está apenas num canal, dá para ouvir muito bem os detalhes. introdução tradicional de GE, com rufos muito bem tocados. a cadência é impressionante. bate qualquer metrônomo existente :-).

RUN, RUN, RUN (A Whole New Thing, 1967)
tocar o bumbo com essa dinâmica e cadência é para pouquíssimos. aliás, essa bateria só poderia ser tocada por ele, mesmo. até Mitch Mitchel, outro fodasso que tem o toque parecido com o seu, suaria a camisa para chegar perto desse resultado.

LOVE CITY (Life, 1968)
isso é uma aula de balanço. sem comentários...

UNDERDOG (A Whole New Thing, 1967)
1ª música do 1º disco do STFS. a combinação de ximbau e bumbo é um bom exemplo da batida hipnótica dita anteriormente. detalhe para o refrão, quando GE dá o clima com um rufo extra.

INTO MY OWN THING (Life, 1968)
introdução sampleada por Fat Boy Slim há uns anos atrás (música daquele clipe com o Christopher “Crazy” Walken dançando). GE desloca o tempo forte do 1 para o 1 ½ do compasso sem perder o ritmo.

IF THIS ROOM COULD TALK (A Whole New Thing, 1967)
de novo, duas baterias. o jeito que uma complementa a outra é muito bem pensado (e executado). além disso, é bem legal a inversão (acredito que não foi proposital) entre o baixo e a bateria. no refrão o baixo dá o balanço e bateria fica reta, nas estrofes, acontece o contrário. nota 10.

EVERYDAY PEOPLE (Stand!, 1969)
essa entrou nem tanto pela bateria, mas por ser uma das minhas Top 10 de todos os tempos. note bem como as linhas dos sopros vão se entrelaçando com os coros. é apenas uma pequena porção da genialidade de Sly Stone. uma pena o que as drogas fizeram com ele...

DOG (A Whole New Thing, 1967)
de novo, a mão direita e o bumbo. além disso, a precisão nas viradas (incluindo rufos) é impressionante. no fim do refrão, GE toca no melhor estilo de Clyde “Funky Drummer” Stubblefield, da banda de James Brown.

DANCE TO THE MUSIC (Dance To The Music, 1968)
clássico dos clássicos. “all we need is a drummer for people who only need a beat”. não há muito mais o que se dizer....


https://open.spotify.com/playlist/4NC7hjwFLr5ii6aO2hhJoj?si=ec2eaa080db24daa

abs
Txotxa

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Zigaboo Modeliste


Para muitos, ele é um dos pais do funk.
É baterista e sócio-fundador do The Meters, grupo surgido em New Orleans, no meio dos anos 60.

A batida de Joseph "Zigaboo" Modeliste é diferente de tudo o que se tocava na época. Desde a pulsação até a divisão das notas, o seu funk, até hoje, é o mais funky que existe.


Existe uma vertente da história musical norte-americana que coloca New Orleans como berço legítimo do jazz, do funk e do rock'n'roll. Em parte, concordo com a afirmação. E no caso do funk, os louros recaem sempre sobre Zigaboo Modeliste.

Hoje, qualquer baterista que quer tocar funk de um jeito modernoso, mesmo sem saber, acaba coipiando as gravações dos Meters de 35 anos atrás.

A seleção de hoje é a seguinte (*) :

1. Stretch Your Rubber Band
2. Hey Pocky A-Way
3. Cissy Strut
4. Live Wire
5. Look-Ka Py Py
6. Out In The Country
7. Funky Miracle
8. Chicken Strut
9. Doodle-Oop


(*) todas as gravações foram feitas entre 69' e 74'


E aqui vai o link para os sons: https://open.spotify.com/playlist/7yK8LCM9r7KRU5emt64WEb?si=c708853955dd467a



abs
Txotxa

John Bonham 2 (1948 - 1980)


Levando em conta as observações dos amigos, vou escrever um pouco sobre os homenageados e sobre as músicas escolhidas.

No caso de JB, sempre achei uma coisa muito curiosa: apesar de ter levado uma vida de excessos, sua música sempre foi sóbria e enxuta. Era um dos poucos que fazia uma coisa extremamente complicada soar estupidamente fácil aos ouvidos. Agora, vá tentar tocar para ver o estrago...
Além disso, conseguia reduzir o ritmo à sua essência, sem uma nota sobrando ou faltando.

Outra coisa interessante é a associação que fazemos quando o assunto é a bateria de JB.
Todos se lembram da força com que tocava, dos tambores gigantes, dos solos com a mão e do visual hippie-sujo.
Quanto ao hippie-sujo, realmente, não há muito o que dizer, mas em relação à arte por trás de sua batida existe um universo pouco explorado...

Força x Jeito
Várias pessoas que conviveram intimamente com "Bonzo", juram (e eu acredito) que ele tirava o mesmo som de sua Ludwig 24" na bateria de brinquedo de seu filho, Jason. Isso quer dizer que o seu volume era muito mais jeito do que força bruta. Batia no lugar certo, na hora certa.

Influências
Era muito fã do igualmente pesado Carmine Appice (Vanilla Fudge e Rod Stewart), mas o seu diferencial para os colegas de geração era o profundo conhecimento que tinha dos ritmos negros (Motown, Stax, James Brown etc). Sabia como poucos o lugar que a bateria deveria ocupar na música, qual o melhor andamento, quais peças usar.

Tambores
A associação de JB com os tambores gigantes é imediata, né? Mas não consigo me lembrar de nenhuma música do LZ que seja carregada pelos toms (coisa que ouvimos com Bill Ward, do Black Sabbath).

Agora, sobre as músicas do podcast:

1. Black Dog (How The West Was Won - 1972)
clássico numa versão ao vivo, que mostra porque o LZ é considerado um dos maiores shows de todos os tempos. a a sua cadência é uma coisa impressionante.

2. The Crunge (Houses Of The Holy - 1973)

um ótimo exemplo de como ele torna uma batida quadrada agradável aos ouvidos.

3. Good Times Bad Times (Led Zeppelin - 1969)
o bumbo! o bumbo! numa reportagem, li que Jimi Hendriz dizia que JB tinha o pé rápido como o de um coelho!

4. Ramble On (Led Zeppelin II - 1969)
a batida suspensa no refrão é sensacional e só perde para a entrada do solo.

5. Celebration Day
(Led Zeppelin III - 1970)
como a bateria e o baixo carregam a música... tire a voz e a guitarra e vc tem o funky dos anos 60 da Atlantic e Stax.

6. Misty Moutain Hop (Led Zeppelin IV - 1971)
que som! a batida é uma locomotiva gigante, firme e sem sair da velocidade. detalhe para o bom gosto da virada que chama o refrão final.

7. Communication Breakdown
(Led Zeppelin I - 1969)
para mim, é a sua batida mais "punk". sobra energia no jovem JB.




quinta-feira, 12 de abril de 2007

John Bonham 1 (1948 - 1980)


Como não podia deixar de ser, começo as postagens com John H. Bonham.

Montei um podcast bem simples, com 7 músicas que trazem algumas das características mais marcantes de sua batida.

O playlist é o seguinte:

1. Black Dog (How The West Was Won - 1972)
2. The Crunge (Houses Of The Holy - 1973)
3. Good Times Bad Times (Led Zeppelin - 1969)
4. Ramble On
(Led Zeppelin II - 1969)
5. Celebration Day
(Led Zeppelin III - 1970)
6. Misty Moutain Hop
(Led Zeppelin IV - 1971)
7. Communication Breakdown
(Led Zeppelin I - 1969)


Para não ficar pesado, comprimi em 96 Kbps, ok?

Aqui vai o link do podcast
http://lomez.mypodcast.com/

Grande abraço
Txotxa