terça-feira, 2 de outubro de 2007

Coletânea, Vol. 1

Parece preguiça (não é, juro), mas eu resolvi misturar alguns bateristas numa mesma postagem. São caras que eu não sei se conseguiria escrever separadamente sobre cada um. Por isso, montei um podcast com um time de 1ª.
Espero que gostem...

Podcast: http://lomez.mypodcast.com/

JAMES GADSON
Use Me
BILL WITHERS – STILL BILL, 1972
JG é um dos bateristas com mais horas de gravações (e sucessos) no currículo. Tocou com muita gente da pesada, mas sempre manteve o clima leve nas suas batidas. Leve, mas não frouxo ou mole. Essa música é um ótimo exemplo de como sabia (e ainda sabe) manter uma cadência e dividir a batida. Já ouvi outras gravações para essa música (uma até do Mick Jagger), mas ninguém chega perto dessa levada, com apenas caixa, bumbo e ximbau. Essa é a prova de que as máquinas nunca vão chegar perto dos grandes perto dos bateristas.




BILL BRUFORD
America (Single Version)
YES – SINGLE, 1971
Sempre achei o BB meio mala. Em várias vezes já o vi reclamando de música alta, de música muito fácil, de músico que não estuda. De qualquer forma, a sua bateria não tem nada de chata. Ele é um cara que entende muito de dinâmica e de espaços. Tocou nos grandes grupos de rock progressivo e mantém a sua própria banda a todo vapor. Nessa gravação (aliás, em todas que ele fez com o Yes) eu adoro o som da bateria. É uma das melhores versões que eu já ouvi das músicas de Simon & Garfunkel (apesar do clima percussivo no final).


BILLY FICCA
See No Evil

TELEVISION – MARQUEE MOON, 1977
Não entendo como esse cara pôde passar tão despercebido (pelo menos no meu universo). Acho que nunca ouvi ninguém falar da bateria desse disco. É claro que as guitarras chamam muito a atenção, mas a jeito que BF toca é muito sofisticado para a época. Ele tem técnica e swing suficientes para colocar qualquer um de sua geração no bolso. E essa música, além de muito foda, consegue mostrar bem a arte de BF: cadência, bom gosto na composição, excelente uso do ximbau dos pratos.

PRINCE
Soft And Wet
PRINCE – FOR YOU, 1978
Esse aí é um fenômeno. Miles Davis disse que sabia, sempre, quando o baterista era Prince ou um outro músico. Eu até me arrisco em alguns palpites, tamanho é o seu estilo como baterista. Note como a bateria toca simples, mas sempre no espaço certo do compasso. E a forma como ela e as palmas se completam é impressionantemente bem pensada (e executada).


DAVID GARIBALDI
Down To The Nightclub
TOWER OF POWER – BUMP CITY, 1972
O TOP é uma das bandas mais precisas que eu já ouvi. E essa bateria é uma aula de como não se deixar sobras no som. Cada nota (são tantas) de sua batida é tão bem estruturada que consegue amarrar todo o arranjo (são tão complicados). É como se DG acompanhasse todos os instrumentos de uma só vez, não apenas o baixo, independente da dificuldade implicada nesse processo. Sempre que penso em tocar uma batida mais intrínseca (mas sem perder o feeling) tento, sem sucesso, imitar Mr. Garibaldi.


FABRIZIO MORETTI
You Only Live Once
THE STROKES – FIRST IMPRESSIONS OF EARTH, 2005
Confesso que não sou especialista no som dos Strokes, muito menos na batida de FM. Mas quando ouvi esse disco, e essa música abre o disco, fiquei de cara. A levada que ele faz com a mão direita (e que som maneiro) é sensacional. E isso fica claro quando ele passa para o ximbau, soltando a batida. Isso é arranjo foda e o resto é brincadeira. Curiosidade: alguém aí também acha a intro dessa música igual a intro de “I Want To Break Free”, do Queen?


ALAN WHITE
How?
JOHN LENNON – IMAGINE, 1971
Já que incluí o Bill Bruford nessa lista, não quis deixar de fora o Alan White (que sempre me pareceu mais legal que seu antecessor no Yes). Não só por isso, mas pelas tremendas qualidades que tem como baterista. Poucos caras na história passaram pelo seu batismo de fogo: tocar num show, sem ensaio, com John Lennon e Eric Clapton. Causou tão boa impressão que acabou participando de alguns discos de JLennon. Entre todas essas gravações, gosto muito dessa. A forma com que a bateria toca e deixa os espaços é dificílima de se executar. O arranjo dessa música é complicado, mas AW, na minha opinião, se sai muitíssimo bem.


STEVE FERRONE
You Don't Know How it Feels
TOM PETTY – WILDFLOWERS, 1994
Essa música é uma aula de bateria. Steve Ferrone toca a mesma célula (com apenas uma alteração de nada) durante os quase 5’ de gravação. Já vi SF tocando com o Duran Duran (no Brasil), com o Eric Clapton (em Brasília), mas eu acho que esse esquema com o Tom Petty funcionou muito melhor. Outra coisa legal é o fato de SF usar apenas ximbau, bumbo e caixa nessa música e, ainda assim, consegue dar toda a dinâmica que a música necessita.


ROGER HAWKINS
The Weight
ARETHA FRANKLIN – THIS GIRL'S IN LOVE WITH YOU, 1970
Esse é tão foda quanto esquecido. Quer dizer, algumas pessoas ainda lembram que era ele a máquina propulsora dos Muscle Shoals (estúdio no sul dos EUA que ajudou a definir o som de Aretha Franklin, Wilson Pickett, Paul Simon entre muitos outros), mas não vejo RH ser devidamente homenageado pelos músicos de hoje. Note o balanço da bateria, veja como ela empurra a música e, ainda, consegue manter-se em seu lugar. Detalhe: nessa versão para o clássico do The Band, quem toca o slide é ninguém menos do que Duanne Allman.


NATHAN FOLLOWILL
King Of The Rodeo
KINGS OF LEON – AHA SHAKE HEARTBREAK, 2004
Essa banda é bem foda. Só fui conhecê-la com atraso, na época em que vieram ao Brasil. Uma coisa engraçada a respeito desse baterista é que ele não chama muito a atenção nem pelo som (que soa pequeno nas gravações) e nem pelo visual (usa um set limpo, econômico). Mas é só prestar atenção (de verdade) na batida para notar o quanto ele é um músico ligado. Mesmo numa banda que tem um clima meio “largado”, a bateria de NF é muito bem dividida e ajuda bastante os arranjos dos irmãos.


OMAR HAKIM
Corner Pocket
WEATHER REPORT – SPORTIN' LIFE, 1984
Omar Hakim foi um dos meus primeiros heróis da bateria. Até hoje eu o considero fodasso. Essa música resume bem todas as suas qualidades: ritmo impecável, dinâmica no lugar certo e um balanço livre-leve-e-solto. O tempo em que ele tocou com o Weather Report (até o Sting comprar o seu passe) representa, para mim, uma das 3 melhores formações do grupo. Gosto muito desse disco, apesar dos fãs da fase mais jazz do grupo desconsiderarem completamente o álbum. Detalhe para a participação de Bobby McFerrin no comecinho da música.


Era isso.
abs
Txotxa

8 comentários:

O Pai disse...

Fenomenal esse post!
mandou bem txotxa

beijo no cu

F3rnando disse...

Primeira vez que ouvi Televison na vida fiquei de cara. Todo mundo ia pra um lado e a música harmonizava direitinho. Jazzy. Anos depois fiquei d ecara d enovo vendo Billy Ficca tocar os 'cascos' da bateria no Tim Festival. Não faz malabarismo com baqueta nem mete nota em qq lugar, mas se garante demais.

THE MOVIE-GOER disse...

Esse James Gadson parece um mendigo!!!
Valeu pela aula genérica, Seu Nasc!

Anônimo disse...

Txotxão!
Ultimamente, estou ouvindo Television pacas. É muito foda!
Fiquei meio surpreso com o Fabrizio Moretti na lista sortida. É verdade: o cara está longe de ser um virtuoso, mas tem estailon.
Abs,
PI

Unknown disse...

Concordo com o Élcio,
este tal de James Gadson tá mais pra delegado do que pra baterista.
Em 1972 já tinha as Casas Pernambucanas?.
Nino.

Txotxa disse...

Pedro, que bom que gostou, safado. Bj no seu também
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F3rnando, como sempre, falou e disse!
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Jr e Nino, com certeza ele tem um viaul de mendigo de superquadra. Essa foto, aliás, deve ter sido tirada antes dos comerciantes locais se juntarem e darem um banho e tosa no fineza.
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Pedrão, TV é muito foda mesmo. e o Fabrizio, realmente, só comecei a gostar a partir desse 3º disco. Tem estailon de sobra.

Ricardo Cury disse...

E aí man... Rapaz, aquele Television que você gravou pra mim comprova que artista de conceito não sofre com pirataria. Tive que comprar o original.
E a batera... é a batera...fazer o quê?

Abraço,
Cury

THE MOVIE-GOER disse...

Seu Nasc,

"mendigo de superquadra" é um termo engraçado pra caralho!!

Valeu! (tô rindo mto aqui...)