4 x zona = zona total!
É sempre essa a impressão que tenho ao ouvir as músicas do Van Halen. Até mesmo nas coisas mais sérias e dramáticas consigo imaginar os 4 (principalmente nos primeiros anos) enchendo a cara, brigando e/ou sacaneando uns aos outros no estúdio.
Mas é uma zona no bom sentido, que lembra um clima de juventude, de desprendimento, de inconseqüência. Tudo isso, acredito, juntamente com o talento fenomenal de seus integrantes, faz do VH um dos sons mais poderosos de todos os tempos.
É claro que a genialidade de Eddie Van Halen é a responsável direta por todo e qualquer crédito criativo do grupo (e por uma revolução na forma de tocar guitarra), mas eu não acredito que a banda existiria tão perfeitamente sem a batida de Alex Van Halen, seu irmão.
Alex e Eddie são dois holandeses (criados na Califórnia) quase da mesma idade. Por influência do pai, os dois sempre se interessaram pela música, mas AVH tocava violão e EVH, bateria. Com o tempo, acabaram trocando de instrumentos e tornaram-se parceiros musicais em diversas bandas. Daí para frente, a história é conhecida.
Mas o que teria de tão especial a bateria de AVH a ponto de definir o som de uma banda pela qual passaram estrelas como David Lee Roth e Sammy Hagar, além dos sócios-fundadores Michael Anthony e Eddie Van Halen?
Bom, eu diria que a principal qualidade de AVH é a sua consistência, tanto na batida quanto nas viradas. Ele toca o que a música pede, sempre, e não faz corpo mole. Nesse ponto ele se parece muito com John Bonham, uma de suas principais influências. Aliás, o som de caixa mais próximo de JB que já ouvi foi o de AVH.
O vigor com que AVH toca não deixa a música cair nunca. Uma coisa interessante é que ele, muitas vezes, toca o bumbo em todos os tempos do compasso. Quando o VH surgiu, o único lugar em que se ouvia isso era nas pistas de discoteca. Mas AVH fazia de uma forma que a música ganhava balanço sem perder a força.
Outra curiosidade é a sua predileção (em vários pontos de sua carreira) pelos rontotons, ao invés dos tradicionais tons (mais do que presentes nas bandas de hard rock). Isso criava uma combinação interessante com o peso do baixo e da guitarra. Era suave, porém mantinha a pegada agressiva.
Para mais qualidades, vamos ao podcast do dia:
SINNER'S SWING! (Fair Warning, 1981)
essa é de um disco meio obscuro do VH. a batida da estrofe é sensacional. AVH consegue imprimir o swing de um jazz tradicional em uma batida pesadíssima. acho bem legal a forma como ele cola nos riffs de baixo e bateria.
PANAMA (1984, 1984)
clássico dos clássicos. nunca fui a nenhum show deles, mas acredito que essa música deve balançar o esqueleto de qualquer um. é um belo exemplo de como AVH usa o bumbo nos quatro tempos da batida. a dinâmica no meio da música também é muito legal. e que som do bumbo...
WHERE HAVE ALL THE GOOD TIMES GONE? (Diver Down, 1982)
cover dos Kinks num disco cheio de covers. escolhi essa porque é puro Van Halen: baixo e bateria colados, batida bem reta, ximbau meio fechado/meio aberto, condução no prato de ataque. além disso, gosto muito do andamento dessa versão. na minha opinião, eles acertaram (em termos de batida) mais aqui do que na versão de “You Really Got Me”.
OUTTA LOVE AGAIN (Van Halen II, 1979)
gosto muito da batida quebrada que ele faz, principalmente no solo de guitarra. aqui ele ainda usa os tons tradicionais. e como usa... e David Lee Roth mostra porque é considerado um dos maiores cantores de rock de todos os tempos.
SUNDAY AFTERNOON IN THE PARK (Fair Warning, 1981)
essa é pelo efeito. além disso, a bateria é muito bem tocada e a música muito maneira.
WHY CAN'T THIS BE LOVE (5150, 1986)
muitos fãs do VH consideram a fase Sammy Hagar fraca. independente do cantor (era também um ótimo guitarrista, além de manter um visual horroroso), acho que eles produziram coisa bem legais nesses anos. e esse disco é um bom exemplo. escolhi essa música pela pressão do andamento e pelo som de bumbo. AVH foi um dos poucos que soube usar a bateria eletrônica sem perder a qualidade e a pegada do som. preste bem atenção na colocação do bumbo – ele entra e sai da música nos lugares certos para aumentar o balanço da batida.
LOSS OF CONTROL (Women And Children First, 1980)
pura energia da 1ª formação do VH. gosto muito do jeito que AVH toca o refrão (cantado baixinho, com voz fina).
MEAN STREET (Fair Warning, 1981)
um exemplo do swing de AVH e Michael Anthony. hoje, eu não acho que alguém tocaria dessa forma, com as duas mãos tocando todas as notas do ximbau. ele sabe muito bem que a música não teria a metade da força se não fosse assim. tanto que depois do solo, ele muda a batida e toca o ximbau apenas com a mão direita, deixando a pegada mais mansa.
HOT FOR TEACHER (1984, 1984)
é um terremoto. não sei tocar com dois bumbos, mas, se soubesse, queria tocar desse jeito. a condução também é impecável. isso é o máximo de zona que uma banda pode promover em termos de música e letra. mega hit de um disco que tornou o VH conhecido e adorado mundialmente.
Mas é uma zona no bom sentido, que lembra um clima de juventude, de desprendimento, de inconseqüência. Tudo isso, acredito, juntamente com o talento fenomenal de seus integrantes, faz do VH um dos sons mais poderosos de todos os tempos.
É claro que a genialidade de Eddie Van Halen é a responsável direta por todo e qualquer crédito criativo do grupo (e por uma revolução na forma de tocar guitarra), mas eu não acredito que a banda existiria tão perfeitamente sem a batida de Alex Van Halen, seu irmão.
Alex e Eddie são dois holandeses (criados na Califórnia) quase da mesma idade. Por influência do pai, os dois sempre se interessaram pela música, mas AVH tocava violão e EVH, bateria. Com o tempo, acabaram trocando de instrumentos e tornaram-se parceiros musicais em diversas bandas. Daí para frente, a história é conhecida.
Mas o que teria de tão especial a bateria de AVH a ponto de definir o som de uma banda pela qual passaram estrelas como David Lee Roth e Sammy Hagar, além dos sócios-fundadores Michael Anthony e Eddie Van Halen?
Bom, eu diria que a principal qualidade de AVH é a sua consistência, tanto na batida quanto nas viradas. Ele toca o que a música pede, sempre, e não faz corpo mole. Nesse ponto ele se parece muito com John Bonham, uma de suas principais influências. Aliás, o som de caixa mais próximo de JB que já ouvi foi o de AVH.
O vigor com que AVH toca não deixa a música cair nunca. Uma coisa interessante é que ele, muitas vezes, toca o bumbo em todos os tempos do compasso. Quando o VH surgiu, o único lugar em que se ouvia isso era nas pistas de discoteca. Mas AVH fazia de uma forma que a música ganhava balanço sem perder a força.
Outra curiosidade é a sua predileção (em vários pontos de sua carreira) pelos rontotons, ao invés dos tradicionais tons (mais do que presentes nas bandas de hard rock). Isso criava uma combinação interessante com o peso do baixo e da guitarra. Era suave, porém mantinha a pegada agressiva.
Para mais qualidades, vamos ao podcast do dia:
SINNER'S SWING! (Fair Warning, 1981)
essa é de um disco meio obscuro do VH. a batida da estrofe é sensacional. AVH consegue imprimir o swing de um jazz tradicional em uma batida pesadíssima. acho bem legal a forma como ele cola nos riffs de baixo e bateria.
PANAMA (1984, 1984)
clássico dos clássicos. nunca fui a nenhum show deles, mas acredito que essa música deve balançar o esqueleto de qualquer um. é um belo exemplo de como AVH usa o bumbo nos quatro tempos da batida. a dinâmica no meio da música também é muito legal. e que som do bumbo...
WHERE HAVE ALL THE GOOD TIMES GONE? (Diver Down, 1982)
cover dos Kinks num disco cheio de covers. escolhi essa porque é puro Van Halen: baixo e bateria colados, batida bem reta, ximbau meio fechado/meio aberto, condução no prato de ataque. além disso, gosto muito do andamento dessa versão. na minha opinião, eles acertaram (em termos de batida) mais aqui do que na versão de “You Really Got Me”.
OUTTA LOVE AGAIN (Van Halen II, 1979)
gosto muito da batida quebrada que ele faz, principalmente no solo de guitarra. aqui ele ainda usa os tons tradicionais. e como usa... e David Lee Roth mostra porque é considerado um dos maiores cantores de rock de todos os tempos.
SUNDAY AFTERNOON IN THE PARK (Fair Warning, 1981)
essa é pelo efeito. além disso, a bateria é muito bem tocada e a música muito maneira.
WHY CAN'T THIS BE LOVE (5150, 1986)
muitos fãs do VH consideram a fase Sammy Hagar fraca. independente do cantor (era também um ótimo guitarrista, além de manter um visual horroroso), acho que eles produziram coisa bem legais nesses anos. e esse disco é um bom exemplo. escolhi essa música pela pressão do andamento e pelo som de bumbo. AVH foi um dos poucos que soube usar a bateria eletrônica sem perder a qualidade e a pegada do som. preste bem atenção na colocação do bumbo – ele entra e sai da música nos lugares certos para aumentar o balanço da batida.
LOSS OF CONTROL (Women And Children First, 1980)
pura energia da 1ª formação do VH. gosto muito do jeito que AVH toca o refrão (cantado baixinho, com voz fina).
MEAN STREET (Fair Warning, 1981)
um exemplo do swing de AVH e Michael Anthony. hoje, eu não acho que alguém tocaria dessa forma, com as duas mãos tocando todas as notas do ximbau. ele sabe muito bem que a música não teria a metade da força se não fosse assim. tanto que depois do solo, ele muda a batida e toca o ximbau apenas com a mão direita, deixando a pegada mais mansa.
HOT FOR TEACHER (1984, 1984)
é um terremoto. não sei tocar com dois bumbos, mas, se soubesse, queria tocar desse jeito. a condução também é impecável. isso é o máximo de zona que uma banda pode promover em termos de música e letra. mega hit de um disco que tornou o VH conhecido e adorado mundialmente.
podcast: http://lomez.mypodcast.com/
abs
Txotxa
8 comentários:
10, 10, 10!!! ótima escolha!
cara, os podcasts são o bicho - lembram as fitas que gravávamos nos nossos 3 em 1...
haha, com certeza, tiger.
que bom que está curtindo.
abração
Pô, bela escolha, taí um cara imjustiçado. Todo mundo lembra da tecladeira de "Jump", mas ele faz altos lances naquela música.
"imjustiçado" foi puro erro de digitação...
com certeza, f3rnando. a bateria dessa música é sensacional.
abs
Assisti o show do Van Halen no Rio, no inicio dos nos 80.
O VH havia trazido um super equipamento, para tocar no aterro do Flamengo, mas a prefeitura não deixou. Foram obrigados a tocar no maracanãzinho.
Revoltados, o HV resolveu então abrir o gas dentro desse ginasio sem acustica.
Lembro que a bateria tinha dois bumbos, com canos de ferro enfiados dentro, parecendo duas metrahadoras giratórias.
Então, na primeira baquetada eu não ouvi mais nada. O som era tão alto, literalmente ensurdecedor, que nem dava para ouvir nada. A visão ficava turva e desfocada. Era tão poderoso que fazia um vento na cara.
Nisso o meu amigo gritou no meu ouvido: "vamos embora daqui, estou passando mal!!!" Saimos correndo e andamos quilometros, até chegar proxima a Vila Isabel.
Quando o zumbido dos ouvidos pararam, sentamos no meio fio de uma rua e percebemos que era ali que o som estava bom. Dava para ouvir que era uma beleza.
Percebi que as pessoas da vizinhança estavam todas na janela, perplexas e admirada com o som do Van Halen. Eram donas de casa, senhoras, crianças... Todas sorriam e diziam: "mas que som maravilhoso!".
O ginasio havia se transformado numa grande caixa acustica, que tocava para todos os bairros em volta, num raio de uns 5 kms. O show não era para quem estava dentro do maracanãzinho, mas sim para quase toda zona norte do Rio.
Então prestei atenção nas guitarras do Eddie e fiquei impressionado com a genialidade do sujeito. Tocaram por um bom tempo, e não sei com não ficaram surdos. Devia ter rolhas nos ouvidos.
Não entendi tambem como podiam ser tão precisos, sendo que lá dentro não se ouvia nada. Acho que tocaram sem ouvir, e lá de fora estava melhor do que o disco.
Agora vejo pq de tantos elogios dos integrantes da Plebe para vc Txotxa, suas influências são muito boas, e bem ecléticas tbm, isso é muito importante.
Mas eu quero ver, quando começar falar dos bateras do Brasil, e tbm daqui de BsB, estou curioso ...
Rick, obrigado pela gentileza. Pode ter certeza que os brasileiros ainda entram na lista.
Anônimo, que história sensacional! Chorei de rir e de inveja :-).
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